O sorriso é um sinal manifesto da alegria, do prazer e da satisfação. Somos retratos fieis dos nossos sentimentos, expressos através das palavras, do comportamento e de nossas relações. A saúde é um estado de bem-estar no qual um indivíduo realiza suas próprias habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e é capaz de fazer contribuições à sua comunidade. Quando algo atinge esse estado de bem-estar, ficamos suscetíveis às desordens do nosso corpo.
Hoje quero conversar com você sobre a Depressão, uma doença desafiadora, limitante e mais comum do que se imagina.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que 400 milhões de pessoas sofram dedepressão no mundo. No Brasil, os números são cada vez mais alarmantes, com 11 milhões de acometidos. Mais preocupante é quando relacionamos a depressão aos números de suicídios. De cada dois suicídios consumados, um tem a depressão como causa direta.
A depressão é duas a três vezes mais frequente em mulheres do que em homens. Aproximadamente 80% dos indivíduos que receberam tratamento para um episódio depressivo terão um segundo episódio ao longo de suas vidas.Ela pode ocorrer em qualquer fase da vida: na infância, adolescência, fase adulta e na velhice.Esse é um problema real e muito próximo a todos nós.
A depressão produz uma desordem afetiva, com persistente sensação de vazio ou tristeza, perda da capacidade de sentir prazer (anedonia), sentimento de culpa ou inutilidade, fadiga e dificuldade de concentração e memória.É importantediferenciar a tristeza, quanto doença, daquela tristeza transitória, provocada por situações difíceis e desagradáveis, mas que acontecem no dia a dia de todos nós, como a morte de um parente, a perda de emprego, as decepções amorosas, os desentendimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc. Diante dessas situações, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes, mas encontram uma forma de superá-las. Na depressão, a tristeza não se afasta. O humor permanece deprimido sem hora para acabare desaparece o interesse pelas atividades que antes davam satisfação e prazer. Como já dizia o salmista Davi, “estou muito abatido e aflito, e choro o dia todo” (Salmos 38:6)
Outros sintomas importantes são as alterações do sono, do apetite e do interesse sexual. O comportamento muitas vezes é marcado pelo isolamento social, crises de choro e o perigosocomportamento suicida, este último, cada vez mais frequente entre os adolescentes. Na adolescência, a depressão já está entre as três causas que mais matam.
O estilo de vida inadequado, deficiência de vitaminas, predisposição genética, alterações hormonais, conflitosfamiliares, morte de um ente querido, traumas e abusos, estresse, vícios (drogas ilícitas, bebidas alcoólicas, cigarros, etc), doenças sistêmicas (ex: diabetes, Parkinson, hipotireoidismo) podem ser o “gatilho”para o aparecimento da depressão.
Mas, existe esperança!Quero deixar algumas orientações importantíssimas para você:
• Depressão tem tratamento e precisa ser tratada!Ela exige um tratamento profissional e multidisciplinar.
• O apoio da família é essencial! É preciso conhecer a doença, seus riscos, suas alterações no comportamento e ser um porto seguro para o paciente.
• Quanto mais cedo o tratamento, melhor! Esconder-se do mundo e das pessoas não é a melhor opção. Talvez seja a pior e a mais trágica delas.
Encerro, com uma citação de Augusto Cury:
“Não despreze os deprimidos, a depressão é o último estágio da dor!”
Por: Manoel Machado Pereira
Médico, Especialista em Saúde da Família (UFMG)
Médico da UBS Dr. José Pavie
Atende de segunda a quinta-feira no Hospital Itamarandiba (17:00 as 20:00 hs)

