Reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade, o cerrado apresenta riquíssima flora. Lamentavelmente, essa riqueza está ameaçada por diversos fatores, dentre eles a monocultura e a expansão pecuária, que endossa odesmatamento e queimadas, consequentemente a extinção de plantas medicinais, importantes à população e ao saber tradicional.
As últimas décadas têm sido drásticas para o cerrado, pois este foi radicalmente reduzido em todo o território brasileiro. Itamarandiba enquadra-se nesse contexto de destruição. O mais angustiante é vê-lo desaparecer do entorno das cidades e ser substituído como se fosse descartável. É mísero ver que muitos não entendem a necessidade de preservar o saber popular, do uso das plantas medicinais para manutenção da saúde, e que diante da escassez do bioma Cerrado está perdendo também a possibilidade de preservar um conhecimento milenar que é transmitido oralmente de geração à geração.
A possibilidade desse conhecimento se extinguir aumenta com o passar dos anos e isso é algo preocupante, pois se sabe que o uso das plantas medicinais como alternativa para manter ou tratar a saúde, é considerada por muitos como a solução mais próxima. devido a dificuldade de acesso às políticas públicas de saúde fazer uso de plantas e ervas medicinais do cerrado é uma prática da maioria da população. Mas também é uma solução encontrada quando as ciências médicas não conseguem curar algumas doenças. Portanto o conhecimento popular é fundamental à população porque é de fácil acesso e oferecido gratuitamente. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial faz uso de plantas medicinais como a primeira opção para tratamento de sua saúde, como cuidado primário.
É perceptível a degradação ambiental no município de Itamarandiba nas últimas décadas, em função da destruição do Cerrado para o cultivo da monocultura do eucalipto. Isso paulatinamente levará à perda da “Farmácia Natural” que pertence ao Cerrado e, por consequência, ao povo que dela necessita. No município existem senhores e senhoras que têm conhecimentos milenares que veem sendo passados ao longo de gerações sobre o cerrado e sua potencialidade de cura que é necessário preservar.
Neide Ribeiro Araujo mestranda em Saúde Sociedade e Ambiente UFVJM