Em nossa participação no O Vale Hoje tentaremos atingir a maioria dos temas relacionados a fenômenos Atmosféricos em geral e suas conexões com a Biosfera com foco na Serra do Espinhaço sem a profundidade e rigor próprios de uma publicação científica, mas visando a divulgação em geral e levando em conta o saber tradicional da região.
A mudança do clima global é uma realidade comprovada mundialmente. As evidências dos impactos negativos são confirmados por observações sistemáticas dos dados climáticos em toda as regiões do mundo – inclusive no Brasil. A ONU vem alertando há décadas, por meio de seus organismos, em diversos documentos elaborados com a participação de cientistas e especialistas de todo o mundo e amplamente divulgados através dos relatórios do IPCC – International Panel on Climate Change – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.
E em nossa região? A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (RBSE), foi criada pelo Governo Brasileiro em 1991 juntamente com mais 6 regiões (Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Amazônia Central, Caatinga e Cinturão Verde da cidade de São Paulo) é um patrimônio de Minas Gerais, do Brasil e do mundo e como tal, foi incluída no Programa o Homem e a Biosfera (MaB) da Unesco em 24 de junho de 2005.
O que motivou a criação da RBSE, dentre outros, está relacionado à sua vulnerabilidade climática. O que é isso? A vulnerabilidade climática indica a maior ou menor facilidade de um ecossistema responder aos impactos positivos ou negativos causados pela mudança do padrão do clima. No nosso caso o impacto é extremamente negativo uma vez que diversos estudos tem revelado a tendência à desertificação. Verifica-se também que esta tendência é o resultado não apenas da redução no índice de chuva e aumento da temperatura, características da mudança climática, mas também associado à destruição do solo e de mananciais por interesses econômicos ligados à mineração, extração de granito e práticas agrícolas predatórias como o plantio em grandes extensão de eucalipto. Tais práticas aceleram o processo de desertificação atingindo negativamente centenas de municípios e propriedades rurais do Vale do Jequitinhonha. A conclusão é de que se nada for feito, continuar tudo como está, em um tempo não muito distante poderemos ter áreas desérticas no bioma Serra do Espinhaço.