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CAPS Itamarandiba: Cerca de 90% dos suicídios são evitáveis

Set 10, 2017 Escrito por 
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O suicídio é um problema mundial que vitima uma pessoa no mundo a cada 40 segundos e no Brasil uma a cada 45 minutos. Não escolhe classe social, gênero ou idade, orientação sexual e tão pouco cultural, afirma Robert Gellert Paris Junior, presidente do Centro de Valorização da Vida – CVV, entidade sem fins lucrativos que presta serviço gratuito e voluntário há mais de 55 anos a quem precisar conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e pessoalmente.

Nos espantamos quando são apresentados tais índices, mas por outro lado há um fator positivo, pois segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, nove em cada dez casos poderiam ser prevenidos. Dentre estes, pessoas que não possuem acesso a profissionais e centros especializados, outros que passam por uma crise e não tem ninguém com quem contar e portadores de doenças mentais. Se todos recebessem ajuda, a maioria estaria viva.

A Universidade de Campinas aponta em um estudo que 17% dos brasileiros já pensaram em suicídio. Para exemplificar, em uma sala de aula de 40 alunos, aproximadamente, sete desses alunos teriam esses pensamentos de morte. Seguindo essa percentagem, quase 12.000 torcedores num estádio da Copa do Mundo. O Brasil ocupa o 8º lugar no mundo em números absolutos de mortes por suicídio.

Necessitamos enfrentar esse problema de frente, com o envolvimento de toda a sociedade e não somente das autoridades. Comumente, quando se foge ou se muda de assunto quando uma pessoa nos procura para desabafar ou mesmo quando nossos filhos comentam em casa sobre um colega que tentou tirar a própria vida, essas são oportunidades de melhorar a eficácia do círculo de relacionamento desses que precisam.

Por ser um tabu, assumir nossos papéis de protagonistas não é fácil. É extremamente necessário e urgente romper o silêncio em torno desse ato. Conversar sobre, aceitar o fato de que sabemos muito pouco a respeito, de que todos estamos suscetíveis e ter convicção que existe prevenção.

Mídias sociais digitais, utilizadas para o bem, são ótimas ferramentas nesse processo. Identificar sinais de alerta em conhecidos e oferecer ajuda é fazer bom uso da tecnologia. A exemplo, o Facebook lançou, em junho do ano passado, uma ferramenta de prevenção ao suicídio junto ao CVV. Nesse recurso, o usuário pode identificar uma postagem que indique uma tendência ao suicídio ou automutilação e alertar o administrador "denunciar a publicação", clicando naquela setinha no canto direito superior do post, informando que alguém conhecido deu sinais de ideação suicida. E, nesses casos, o Facebook alerta essa pessoa que alguém está preocupado com ela e oferece opções de ajuda, inclusive com os contatos do CVV.

As redes sociais não são responsáveis pela espetacularização de fatos ligados ao tema, mas sim as pessoas que se utilizam desse meio dando um “compartilhar ou curtir” em um vídeo desses e transformando o sofrimento e a perda de uma vida em show.

A utilização das redes para divulgar tal ato, ainda mais com detalhes e imagens, é o oposto da prevenção; é esquecer a pessoa que sofre e satisfazer alguma necessidade pouco nobre.

Vimos no primeiro semestre desse ano o registro de uma série de tentativas de suicídio entre alunos do quarto ano de medicina da USP, mobilizando estudantes e professores de uma das melhores faculdades do país. Para Francisco Lotufo Neto, professor de psiquiatria indicado pela diretoria da FMUSP para falar sobre o assunto, as tentativas de suicídio estão relacionadas a uma soma de fatores. "São jovens em amadurecimento, enfrentando a entrada numa profissão que tem contato com o sofrimento humano. É um curso difícil, que exige das pessoas. Também há a pressão pelo sucesso."

Alguns sinais de alerta são importantes como falar sobre querer morrer, procurar formas de se matar, falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito, falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável, falar sobre ser um peso para os outros, aumento no uso de do álcool e drogas, agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável, dormir muito ou pouco, se sentir isolado, demonstrar raiva ou falar sobre vingança e ter alterações de humor extremas. Quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa cometer o ato.

Podemos auxiliar essas pessoas não as deixando sozinhas, tirando de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes; ligando para canais de ajuda e levando a pessoa para uma assistência especializada.

Há também alguns sinais de alerta que podem ser depressão em adolescentes, como: Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos, piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras, afastamento da família e de amigos, perda de interesse em atividades de que gostava, descuido com a aparência, perda ou ganho inusitado de peso, comentários autodepreciativos persistentes, pessimismo em relação ao futuro, desesperança, disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva), comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática, doação de pertences que valorizava.

A referência para esse tratamento em nosso município é o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Itamarandiba. Sua equipe é preparada para esse atendimento e é composta por psicóloga, terapeuta ocupacional, médico psiquiatra, enfermeiro e assistente social. Está situado na rua Dona Memeca nº 154 – Centro. Esse serviço está aberto de segunda a sexta feira de 08:00 às 17:00 horas. Fora desses horários, a orientação é que a pessoa necessitada busque atendimento no hospital de pronto atendimento.

Outra ajuda emergencial não hospitalar pode ser obtida por meio de um atendimento do CVV, ativo há mais de 55 anos na prevenção do suicídio. Este entende que as pessoas precisam ser acolhidas e aceitas nos momentos de crise, forte angústia, isolamento social e não criticadas, cobradas ou julgadas.

Telefones e sites de ajuda:

http://www.cvv.org.br  - nesse site você entra em contato a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia.

Também pelo 141 e pelo CAPS Itamarandiba (38) 3521-3256

Redação

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