Quem vê as florestas de eucalipto na região não imagina o quanto de tecnologia, trabalho e inovação existe ali. É algo que poucos países do mundo dispõem. E tudo isso é feito com o empenho de cerca de 1.200 trabalhadores e de dezenas de empresas do Vale do Jequitinhonha em parceria com a Aperam BioEnergia.
Em suas atividades diárias, a palavra sustentabilidade tem muito valor e é traduzida em ações e investimentos voltados para o meio ambiente, para a sociedade e para o desenvolvimento econômico.
Mais de 90 mil pessoas já foram beneficiadas diretamente em programas nas áreas de educação, meio ambiente, cultura, empreendedorismo por meio da Fundação Aperam Acesita. A instituição atua no Vale do Jequitinhonha e no Vale do Aço, sede da Aperam South America, siderúrgica que utiliza o carvão vegetal produzido pela Aperam BioEnergia.
A empresa faz a diferença na economia da região. Apenas em salários, pagou R$ 37 milhões a suas equipes em 2015, conforme o balanço consolidado mais recente. A partir da política de priorizar parceiros locais, destinou R$ 32,4 milhões em compras de empresas da região. Além disso, suas atividades geraram cerca de R$ 9,4 milhões em taxas, impostos e tributos, o que eleva a receita do poder público.
Nesta entrevista, o diretor de Operações da Aperam BioEnergia fala sobre as ações e os programas de investimento em sustentabilidade da Aperam BioEnergia. “Trabalhamos não apenas como uma indústria, mas como agente transformador”, diz Edimar de Melo Cardoso.
1. De que forma se dá o investimento da empresa em sustentabilidade?
Cardoso - A Aperam BioEnergia produz e comercializa carvão vegetal a partir de florestas renováveis de eucalipto plantadas em cinco cidades no Vale do Jequitinhonha: Capelinha, Itamarandiba, Minas Novas, Veredinha e Turmalina, tendo como base os princípios da sustentabilidade, conciliando os aspectos sociais e ambientais. Atuamos em parceria com órgãos públicos, instituições nacionais e internacionais, por meio de iniciativas próprias ou projetos incentivados via leis estaduais e federais. Oferecemos suporte, conhecimento técnico e ações para fortalecer as iniciativas locais no que elas têm de melhor: ajudamos a capacitar seus talentos. São eles que vão prosperar e buscar as soluções para suas respectivas realidades.
Ao todo, nossos programas sociais beneficiam diretamente mais de 90 mil pessoas nas regiões onde estamos inseridos. São diversas ações estruturadas nas áreas de educação, cultura, empreendedorismo e no fortalecimento das organizações sociais.
Um bom exemplo é o programa com foco no desenvolvimento das comunidades realizado aqui na região com o nome de “Apicultura em Rede no Vale”, no qual o principal objetivo é o fortalecimento da cadeia produtiva do mel. Atualmente os apicultores que fazem parte do projeto estão muito mais capacitados na melhoria da qualidade e da produtividade de suas colmeias. Desta forma, o projeto Apicultura em Rede no Vale, assim como a construção da Casa do Mel em Veredinha, juntamente com o projeto master de apicultura fomentado pela BioEnergia, fortalece mais de 100 apicultores e seus familiares que melhoram sua qualidade de vida a partir da renda da produção de cerca de 300 toneladas de mel por ano.
Outra iniciativa que podemos destacar é o projeto Menor Aprendiz, que iniciamos em 2014 no município de Capelinha, em parceria com o Senai Turmalina CFP (Centro de Formação Profissional). A empresa investe recursos para o desenvolvimento de quatro cursos ofertados pela instituição, voltados para a aprendizagem industrial: manutenção de máquina agrícola, marcenaria, vestuário e corte e costura. Desta forma, contribuímos com a capacitação de jovens da região, com idade entre 16 e 22 anos, que estejam cursando ou concluído o ensino médio, para que sejam absorvidos pelo mercado de trabalho. Até o momento, seis turmas já foram formadas. Na primeira turma do curso Aprendizagem Industrial em Manutenção de Máquinas Agrícolas, a empresa absorveu três jovens e na segunda, um aprendiz. Outros 16 jovens foram contratados por empresas locais e puderam colocar em prática as experiências adquiridas. A nossa ideia é estender esse projeto a todas as comunidades onde atuamos no Vale do Jequitinhonha.
2. E como a Aperam BioEnergia trabalha a gestão ambiental na empresa?
Cardoso - Nossas atividades são referência na adoção de modelos de gestão sustentável, no uso intensivo de tecnologia de ponta e inovação. As legislações a que estamos submetidos, somadas às certificações internacionais de qualidade, exigem que trabalhemos em níveis elevados de qualidade e de cuidado com o meio ambiente e com as pessoas. Somos uma das maiores empresas de carvão vegetal do mundo. E, no Vale do Jequitinhonha, região em que atuamos, somos a empresa que mais emprega, investimos em programas estruturados de desenvolvimento local e administramos um patrimônio florestal que produz cerca de 9 milhões de mudas ao ano.
A colheita, a carga e descarga do forno, o transporte, entre outras fases da carbonização da madeira são totalmente mecanizadas, utilizando os mais avançados equipamentos do segmento florestal. Adotamos Princípios e Critérios do FSC® – Forest Stewardship Council, amplamente aceitos pela comunidade internacional como principal referência de práticas de sustentabilidade no setor, além das certificações ISO 14001 e OHSAS 18001. Além do respeito à rigorosa legislação setorial, do respeito ao meio ambiente e às pessoas, seguimos um código de conduta em nível mundial da Aperam.
3. Como a empresa trabalha para promover o bem-estar do empregado?
Cardoso - A Aperam BioEnergia conta atualmente com 1.200 empregados diretos. Investimos, conforme último balanço, R$ 14,8 milhões no programa de melhoria da qualidade de vida do empregado. São atividades relacionadas a treinamentos, capacitação técnica, melhorias permanentes no ambiente de trabalho e em segurança e saúde.
No que diz respeito a saúde, em 2015, foram investidos R$ 18,3 milhões no Programa de Assistência Saúde & Vida, que reúne planos de saúde e odontológico, planos farmacêutico e de assistência social. E por meio do programa ‘Saúde em Foco’’, acompanhamos empregados portadores de diabetes, hipertensão e obesidade. Temos também o Programa “Saúde Mais”, que consiste no auxílio da busca pela melhor qualidade de vida, com projetos voltados para alimentação, atividade física, etc.
4. Quais foram os últimos investimentos locais da companhia?
Cardoso - Os números de 2016 ainda não foram consolidados, mas serão divulgados ainda no primeiro semestre. Mas podemos dizer que, em 2015, a empresa investiu R$ 32,4 milhões em compras locais relacionadas a materiais e serviços. São valores que movimentam diretamente a economia local, que vão se traduzir mais adiante em empregos, renda, novas compras, receita para os municípios.
5. Qual o volume de produção de carvão vegetal da empresa? Para onde é destinado?
Cardoso - A produção alcança uma colheita anual de 2,2 milhões de metros cúbicos de madeira, o que gera 450 mil toneladas de carvão vegetal também ao ano. A produção é destinada à Aperam South America, produtora de aço inox e aços elétricos especiais, cuja planta industrial está sediada em Timóteo, também em Minas Gerais. Pelo fato de todo o ciclo energético da empresa ser sustentável, dizemos que no fim da linha de produção da Aperam, temos um aço verde, que é destinado à indústria do transporte, da construção, do agronegócio, do setor energético, de linha branca à decoração entre diversas outras aplicações, como de utilidades domésticas. As fabricantes de talheres em inox: Tramontina, Di Solle , Brinox, Mundial, Martinazzo e Simonaggio, por exemplo, são clientes da Aperam no Brasil. O ciclo de produção dos talheres das marcas tem origem aqui no Vale do Jequitinhonha.
6. Como o sr. avalia este setor da Aperam BioEnergia, chamado de florestas energéticas, no Brasil?
Cardoso - É um setor, dentro do agronegócios, relevante para o desenvolvimento socioeconômico das regiões onde está. Aqui no Vale do Jequitinhonha, por exemplo, em função das características de solo, clima e infraestrutura, pode-se dizer que a melhor solução em agronegócios é o plantio das florestas de eucalipto. É a cultura mais viável para o contexto e com grandes benefícios ambientais e sociais em função de todos investimentos em diversas frentes de sustentabilidade, geração de renda e movimentação da economia local.
Nossas áreas de plantio são áreas consolidadas, com manejo, tecnologia e procedimentos de classe mundial. O solo dessa região se caracteriza por ser de baixa qualidade. Com técnicas de conservação e manejo do solo, como por exemplo o cultivo mínimo e ciclagem dos nutrientes, houve aumento na matéria orgânica do solo após anos consecutivos de plantio. Temos represas próprias, com todos os licenciamentos necessários, para acumular água de chuva. São elas que fornecem 100% da água necessária ao plantio e manutenção de nossas florestas renováveis. Além disso, investimos permanentemente na busca de materiais genéticos das plantas ainda mais resistentes a pragas, doenças e déficit hídrico.
7. A empresa possui projeto de expansão?
Cardoso - Estamos sempre trabalhando em promover inovações e melhorias em todo o nosso ciclo produtivo que possam ampliar resultados, produtividade e valores entregues por nossos produtos. Como atuamos de modo estruturado com a planta siderúrgica e em nível mundial com o Grupo Aperam, projetos de expansão demandam avaliações conjuntas e levam em conta perspectivas e contexto de negócios.
Mas lembramos que apesar de sermos uma empresa global, estamos, inserida aqui no Norte de Minas, no Vale do Jequitinhonha, motivo de muito orgulho para todos nós. Temos a satisfação de pertencer a esta região tão especial e acolhedora, contribuindo diretamente com o desenvolvimento local, sempre pautados pela ética e transparência nas ações.
Edimar de Melo Cardoso, diretor de Operações da Aperam BioEnergia