Três idosos são acusados de tentativa de homicídio em Itamarandiba e família fica revoltada com ferimentos pelo corpo dos idosos

Mar 31, 2015 Escrito por 
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O fato gerou uma ocorrência policial, envolvendo policiais de Itamarandiba por 26 horas ininterruptas

 

Uma discussão por divisa de terra e gado gerou uma grande polêmica e revolta nos familiares de três idosos. Tudo iniciou-se no dia 14 de março, sábado, segundo consta no boletim de ocorrência, na Fazenda Mandasainha, próximo ao distrito de Contrato, zona rural de Itamarandiba.

Os idosos, Jadir Fernandes Lima, 64 anos, Tarcísio Fernandes Lima, 79 anos, e Geraldo Fernandes Lima, 82 anos, foram levados pela Polícia Militar para o hospital feridos e acusados de cometerem tentativa de homicídio.

Segundo os idosos, o fato iniciou-se quando um homem conhecido como “Zé Pendengo”, extremante de terras com os idosos, foi até a propriedade dos vizinhos, acompanhado de outro homem para conversar sobre gados nas terras que lhe pertencia. Com a situação, um dos idosos que tem deficiência mental pediu para que os mesmos fossem embora, e para assustar, outro idoso deu um tiro para cima, com o objetivo que saíssem das terras. Segundo os idosos as vítimas do boletim de ocorrência foram embora prometendo que voltariam e que tirariam suas vidas.

Segundo consta no Boletim de Ocorrência, a vítima relata que ao chegar em sua propriedade no sábado, pôde observar aproximadamente 20 bovinos que não eram de sua propriedade. Então, os conduziu para fora de sua propriedade, e mais tarde os animais estavam de volta no mesmo local. Frente a isto, ao anoitecer, a vítima compareceu na casa do sítio do vizinho, local onde foram encontrados os idosos. Não houve acordo entre os vizinhos para cercarem a propriedade e foi solicitado à vítima que se retirasse do local. A vítima relatou que ao sair da propriedade foi surpreendido por um dos idosos correndo em sua direção com uma foice e outro efetuou um disparo com arma de fogo.

A Polícia Militar foi acionada, por volta das 18:30 horas, pelo filho da vítima do boletim de ocorrência, relatando que seu pai tinha sido ameaçado pelos três idosos em sua residência. Já os idosos relataram que não enxergam a noite e dizem ter problema de visão e ficam sem possibilidade de saírem a noite.

Algumas horas depois do início dos fatos, a Polícia Militar chegou juntamente com as vítimas do boletim de ocorrência, e pediram para que os idosos saíssem da casa, informando que tal solicitação emanava da Polícia Militar.

Segundo os idosos, eles têm problemas de audição, e não ouviram e nem sabiam que se tratavam de policiais militares. Acuados, pensavam que se tratavam de capangas para os matarem, trancaram as portas e ficaram dentro da casa atemorizados. Eles relatam terem ouvido tiros e explosões, e que tiveram que prender a respiração, devido a um gás que foi lançado dentro da casa.

Já após várias horas, com o dia amanhecendo e aproximadamente 10 policiais em volta da casa, a Polícia Militar adentrou à casa, conseguindo algemar os idosos suspeitos de tentativa de homicídio e os levando para o Hospital Municipal Geraldo Ferreira Gandra, e posteriormente, para o Quartel da Polícia Militar.

A Polícia Militar encontrou na casa dos idosos, um revólver calibre 38, juntamente com 10 munições intactas, 03 recipientes contendo munições de diversos tamanhos (chumbo para espingarda), uma espingarda tipo poveira carregada, R$250,00, 02 facas, 02 foices, 02 facões e 01 coldre para revólver.

Após horas do acontecimento, parentes dos idosos que foram visitá-los, encontraram a casa totalmente revirada, ligaram para a Polícia e foram surpreendidos com a notícia de que os idosos tinham sido presos e encontravam-se no hospital.

Após a alta, os idosos foram levados para o quartel para prestarem depoimento do caso, mas um continuou internado. Este de 79 anos, que tem deficiência em uma das mãos, sofreu pontos no nariz, lesões pelo corpo, lesões na coluna e está impossibilitado de andar, já há mais de 15 dias após o ocorrido.

O idoso de 64 anos levou oito pontos na cabeça e teve ferimentos nos punhos, devido às algemas, além de ter ficado com os olhos irritados, devido à fumaça. Já o idoso de 82 anos, relatou ter sofrido fome e sede, olhos irritados e o sofrimento psicológico, achando que iria morrer.

Segundo a Polícia Militar os ferimentos físicos encontrados nos idosos foram provenientes de quedas segundo relatos de um dos idosos, mas segundo os familiares dos idosos o laudo médico, consta ferimentos provenientes de agressão. 

A família procurou o CREAS que, segundo informações já acionou os Direitos Humanos. Os familiares pedem justiça e que a verdade seja dita. Eles afirmam que os idosos acusados de tentativa de homicídio não foram ouvidos e não contam sua versão no boletim de ocorrência, apenas da outra pessoa que foi ameaçá-los e saiu como vítima na história.

A família relata que os idosos se encontravam sozinhos, devido a seus cuidadores, sendo irmã e cunhados estarem no hospital internado. Por medo do extremante, tanto os cuidadores quanto os idosos, não pretendem voltar para suas casas na zona rural. Os idosos são conhecidos como filhos do Zeca Sertanejo e nunca tiveram passagem pela polícia.

A ocorrência policial se iniciou às 18:30 horas, do dia 14 de março de 2015, em Itamarandiba, e terminou em Capelinha às 20:40 horas do dia seguinte, em ação ininterrupta.

A Polícia Militar disse que o cerco montado em volta da casa, foi uma ação padrão, isso por que os autores não queriam se render. Pode até ser que a noite os idosos não tinham reconhecido a Polícia Militar, mas, já ao amanhecer era impossível não terem visto os policiais uniformizados e a viatura em frente sua casa, e mesmo assim um dos idosos apontou uma arma para os policiais. Sendo assim, foi usado munição de calibre inofensivo e gás para assustar os integrantes da casa.

O idoso relata que não usou o revolver, apenas a espingarda polveira, no período da noite, e que se renderam pela manhã quando viram que se tratava da Polícia Militar.

Quanto ao Sr. José Barbosa, “Zé Pendengo”, nossa reportagem conseguiu falar com a sua esposa, e ela disse que seu marido foi conversar com um homem conhecido como “Kelo”, um dos cuidadores dos idosos, mas este não se encontrava, e diante disso foi falar com Tarcísio, que negou a fazer a parte da cerca da divisa das terras, o Sr. José disse que se os idosos não fizesse sua parte da construção da cerca iria matar um boi e não os idosos. Sobre o tiro, o Sr. José, vítima do boletim de ocorrência, relata que a espingarda foi direcionada para ele e não para o alto.

 

Redação

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