Confira nesta reportagem, a criminalidade em números oficiais, nas cidades de atuação da 23ª Companhia da Polícia Militar Independente
A segurança pública do país encontra-se um caos, e o sentimento de insegurança está por toda parte. Porém, é sempre importante que nos atenhamos a informações oficiais. De posse destas informações, alguns dados se sobressaem quando analisados e são estes dados que o Jornal O Vale Hoje exporá agora para o seu leitor.
Itamarandiba é a quinta maior cidade do Vale do Jequitinhonha em porte populacional, sendo sua extensão territorial maior que de alguns dos quatro municípios com maiores populações no Vale, o que faz com que a segurança pública neste município demande um maior efetivo policial.
Comparando os municípios de Itamarandiba, Capelinha, Serro, Gouveia e Turmalina, listados na tabela 1, podemos fazer várias análises.
TABELA 1:Consolidados de dados gerais e de segurança de municípios.
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Área (Km2) |
População Total |
Efetivo PM total |
Total de Delegados |
Distância da Delegacia Regional |
Nº de habitantes por policial |
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Itamarandiba |
2.735,5 |
34.033 |
20 |
01 |
60 Km (terra) |
1.701,6 |
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Capelinha |
965,3 |
37.041 |
50 |
06 |
0 Km |
740,8 |
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Carbonita |
1.456,095 |
9.478 |
05 |
00 |
97,8 Km (asfalto) |
1.897 |
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Serro |
1.217,8 |
21.423 |
19 |
01 |
90 Km (asfalto) |
1.127,5 |
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Gouveia |
866,6 |
12.039 |
17 |
01 |
34 Km (asfalto) |
708,1 |
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Turmalina |
1.153,1 |
19.288 |
17 |
01 |
58 Km (asfalto) |
1.134,6 |
FONTE:Intranet da PMMG e IBGE cidades.
Uma primeira observação que pode ser realizada é que Itamarandiba tem quase três vezes a extensão territorial de Capelinha, o que torna possível inferir que o município tem a maior área rural para ser patrulhada e atendida.
Itamarandiba tem uma população quase igual à de Capelinha, mas esta tem um contingente policial 2,5 vezes maior que a primeira. Além disso, proporcionalmente, das cidades citadas na tabela, Itamarandiba é a que apresenta o menor número de policiais por habitante.
A tabela também mostra que a delegacia regional que tem sede em Capelinha, que tem 06 delegados. Quando os policiais de Itamarandiba necessitam se deslocar para Capelinha, estes deslocam 120 Km em estrada de terra.
Agora, algo que se mostra inexplicável é o fato de Gouveia ter quase um terço da população de Itamarandiba e apresentar efetivo policial quase igual.
O Jornal O Vale Hoje também analisou o relatório estatístico geral, e apresentaremos aqui para você, um resumo do ano de 2014, e de janeiro a abril de 2015, com o total de REDS registrados, total de crimes gerais, total de armas de fogo apreendidas, total de roubos consumados, total de crimes violentos, total de homicídios consumados, total de crimes com uso de arma de fogo, total de crimes contra patrimônio, e total de crimes contra pessoa, registrados pela 23ª Companhia de Polícia Militar Independente. A fonte dos dados utilizados foi o Armazém de dados do Centro de Informação de Defesa Social (CINDS).
A 23ª Companhia de Polícia Militar Independente atua em 15 municípios, sendo eles: Água Boa (14.856 habitantes), Angelândia (8.416 habitantes), Aricanduva (5.078 habitantes), Berilo (12.469 habitantes), Capelinha (37.041 habitantes), Carbonita (9.478 habitantes), Chapada do Norte (15.648 habitantes), Francisco Badaró (10.546 habitantes), Itamarandiba (34.033 habitantes), Jenipapo de Minas (7.531 habitantes), José Gonçalves de Minas (4.650 habitantes), Leme do Prado (4.974 habitantes), Minas Novas (31.864 habitantes), Turmalina (19.288 habitantes) e Veredinha (5.760 habitantes).[1]
O primeiro dado apresentado será o total de REDS (registro no Sistema Integrado de Defesa Social). Com base nestas informações, a 23ª Companhia da Polícia Militar Independente registrou em 2014, 17.691 registros no REDS, e 5.804 de janeiro a abril de 2015. O município que mais apresentou registros foi Capelinha (4.705 em 2014, e 1.560 de janeiro a abril de 2015), seguido por Itamarandiba (3.425 em 2014, e 1.077 de janeiro a abril de 2015), e por Turmalina (2.007 em 2014, e 673 de janeiro a abril de 2015). Carbonita teve 734 registros em 2014, e 252 de janeiro a abril de 2015.
GRÁFICO 1: Número de REDS registrados em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
GRÁFICO 2: Número de REDS registrados em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Dos 15 municípios, o que registrou menor número de REDS foi José Gonçalves de Minas (209 em 2014 e 76 nos quatro primeiros meses de 2015). Este ano, nos quatro primeiros meses do ano, foram registrados menos REDS, quando comparado com igual período do ano passado, no total geral das cidades atendidas pela 23ª Companhia da Polícia Militar Independente.
O segundo dado refere-se ao total de crimes gerais. Quanto à este, a 23ª Companhia da Polícia Militar Independente registrou 8.883 casos em 2014, e 2.934 de janeiro a abril de 2015. Em 2014, Capelinha apresentou 2.136, Itamarandiba 1.943, e Minas Novas 946 crimes. No período de janeiro a abril de 2015, a ordem permaneceu a mesma, tendo as citadas cidades registrado 737, 616 e 319 crimes, respectivamente. Em Carbonita foram registrados 407 crimes gerais em 2014 e 131 de janeiro a abril de 2015.
GRÁFICO 3: Número de crimes gerais registrados em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
GRÁFICO 4: Número de crimes gerais registrados em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
José Gonçalves de Minas foi o município que apresentou menor número de crimes gerais em 2014 (120 ocorrências), e em 2015 nos quatro primeiros meses, Veredinha teve o menor número destes casos (50 ocorrências), apresentando inclusive uma redução de 42%, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Em 2015 ocorreram menos crimes gerais nas cidades atendidas pela 23ª CIA.
Quanto ao número de armas de fogo apreendidas, a citada companhia de polícia apreendeu 246 armas de fogo em 2014 e 84 de janeiro a abril de 2015. Nesta categoria, Itamarandiba apreendeu 46 armas em 2014 e 24 de janeiro a abril de 2015, Água Boa realizou a apreensão de 42 armas de fogo em 2014 e 13 de janeiro a abril de 2015, e Capelinha teve 30 apreensões de armas de fogo em 2014 e 09 de janeiro a abril de 2015. Carbonita realizou 08 apreensões em 2014 e duas de janeiro a abril de 2015.
O menor número de apreensões ocorreu em 2014 em Jenipapo de Minas, com 01 apreensão, e nos quatro primeiros meses de 2015, em Leme do Prado não ocorreu nenhuma. Este ano, comparando os quatro primeiros meses com os do ano passado, houve um aumento superior a 20% nas apreensões de armas de fogo na 23ª Companhia da Polícia Militar Independente.
Gráfico 5: Número de armas de fogo apreendidas em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Gráfico 6: Número de armas de fogo apreendidas em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
A quarta categoria a ser analisada será o roubo consumado, tendo a 23º CIA registrado 93 em 2015 e 35 nos quatro primeiros meses de 2015. Os municípios que mais registraram este crime foram Itamarandiba e Capelinha, tendo ocorrido 19 e 16 em 2014, respectivamente. Em 2015, nos quatro primeiros meses as duas cidades apresentaram 10 roubos consumados, cada uma. Carbonita teve 07 em 2014 e 01 de janeiro a abril de 2015.
Gráfico 7: Número de roubos consumados registrados em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Gráfico 8: Número de roubos consumados registrados em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Chapada do Norte não apresentou registros de roubo consumado em 2014 e este ano, de janeiro a abril, não foram registrados em Francisco Badaró, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado e Veredinha. Nos quatro primeiros meses de 2015 houve um aumento no registro desta ocorrência, na 23ª CIA.
A quinta categoria é a de crime violento, sendo o total registrado pela companhia de 210 em 2014 e 67 nos quatro primeiros meses de 2015. As cidades com maiores números nesta categoria são Capelinha, Itamarandiba e Água Boa, apresentando 44, 38 e 25 crimes violentos em 2015, respectivamente. Nos quatro primeiros meses de 2015 ocorreram 16 destes crimes em Capelinha e Itamarandiba, cada uma. Carbonita registrou 13 destes em 2014 e 02 nos quatro primeiros meses deste ano.
José Gonçalves de Minas registrou somente 01 crime violento em 2014 e de janeiro a abril de 2015, juntamente com Leme do Prado, não apresentaram nenhum. Quando comparados janeiro a abril de 2014 e 2015, na 23ª CIA este tipo de crime permaneceu praticamente inalterado, com ligeira queda.
A sexta categoria de dados refere-se aos homicídios consumados. Em 2014, a 23ª CIA apresentou 25 e nos quatro primeiros meses deste ano ocorreram 09 homicídios consumados. Em 2014, Água Boa registrou 05 desses crimes, seguido por Capelinha e Itamarandiba, que registraram 04 cada. Em 2015, de janeiro a abril, ocorreram em Água Boa e Capelinha 02 homicídios consumados em cada uma. Em Itamarandiba havia ocorrido 01, mas em maio de 2015 foram registrados 03 casos. Carbonita teve 03 em 2014 e nenhum nos quatro primeiros meses de 2015, tendo registrado 01 em maio. Vale destacar o alto índice de homicídios consumados em Carbonita, quando comparado com outros municípios, pois apresentou apenas 01 a menos que Capelinha e Itamarandiba em 2014, sendo que o seu município tem população interior a um terço em relação a Capelinha e Itamarandiba.
Gráfico 11: Número de homicídios consumados registrados em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Gráfico 12: Número de homicídios consumados registrados em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Em 2014, Angelândia, Berilo, Chapada do Norte, Jenipapo de Minas, José Gonçalves de Minas e Leme do Prado, não apresentaram nenhum homicídio consumado. Nos quatro primeiros meses deste ano, não há registros deste tipo crime em Angelândia, Berilo, Carbonita, Chapada do Norte, Francisco Badaró, Jenipapo de Minas, José Gonçalves de Minas e Leme do Prado. De janeiro a abril de 2014 e 2015, a 23ª CIA registrou o mesmo número de homicídios consumados.
A sétima categoria analisada foi crime com uso de arma de fogo. Nesta, a 23ª CIA registrou 211 em 2014 e 63 de janeiro a abril de 2015. Os municípios que mais registraram este tipo de ocorrência foram Itamarandiba (48 em 2014 e 19 nos quatro primeiros meses de 2015), Água Boa (35 em 2014 e 08 nos quatro primeiros meses de 2015) e Capelinha (23 em 2014 e 07 nos quatro primeiros meses de 2015). Em Carbonita ocorreram 17 em 2014 e 02 de janeiro a abril de 2015.
Chapada do Norte apresentou 01 caso deste crime em 2014, e de janeiro a abril de 2015, os municípios Berilo, José Gonçalves de Minas e Veredinha, não registraram este tipo de ocorrência. Houve redução neste tipo de crime nas cidades atendidas 23ª CIA, quando comparado os quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
Gráfico 13: Número de crimes com uso de arma de fogo registrados em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Gráfico 14: Número de crimes com uso de arma de fogo registrados em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
A penúltima categoria analisada foram os crimes contra patrimônio. Destes, a 23ª CIA apresentou 3.459 em 2014 e 1.127 nos quatro primeiros meses de 2015. Capelinha (890 em 2014 e 298 de janeiro a abril de 2015), Itamarandiba (719 em 2014 e 239 de janeiro a abril de 2015) e Minas Novas (386 em 2014 e 128 de janeiro a abril de 2015) foram os municípios que mais registraram este tipo de crime. Carbonita registrou 166 destes crimes em 2014 e 52 nos quatro primeiros meses de 2015.
Gráfico 15: Número de crimes contra patrimônio registrados em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Gráfico 16: Número de crimes contra patrimônio registrados em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
José Gonçalves de Minas foi o que apresentou menor número de crimes contra o patrimônio, no período analisado. Houve redução neste tipo de crime nas cidades atendidas 23ª CIA, quando comparado os quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
A última categoria foi a de crimes contra pessoa, e nesta foram registrados 3.694 em 2014 e 1.172 de janeiro a abril de 2015, nas cidades da 23ª CIA da Polícia Militar Independente. Capelinha (835 em 2014 e 316 em 2015, de janeiro a abril), Itamarandiba (756 em 2014 e 182 em 2015, de janeiro a abril) e Minas Novas (409 em 2014 e 120 em 2015, de janeiro a abril) foram as cidades com maiores números de registro. Carbonita apresentou 197 casos deste crime em 2014, e 61 nos quatro primeiros meses deste ano.
Gráfico 17: Número de crimes contra pessoa registrados em Itamarandiba, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
Gráfico 18: Número de crimes contra pessoa registrados em Carbonita, nos quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
FONTE: Armazém de dados CINDS, em 19 de maio de 2015.
No período analisado, Aricanduva foi o município que apresentou o menor número de crimes contra a pessoa, sendo 47 em 2014 e 16 de janeiro a abril de 2015. Houve redução neste tipo de crime nas cidades atendidas 23ª CIA, quando comparado os quatro primeiros meses de 2014 e 2015.
É importante destacar, que ao fazer a sua análise pessoal dos dados, você leve em considerações questões importantes e que tem impacto nos dados, como tamanho populacional, área territorial, tamanho de efetivo policial, dentre outros.
Além disso, os números mostram por si a desigualdade de investimentos, quando avaliados os municípios proporcionalmente. O Vale do Jequitinhonha anseia por segurança pública e enquanto esta não recebe a devida atenção das autoridades competentes, os cidadãos de bem que vivem nestes municípios, se tornam prisioneiros em suas próprias casas.
